quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Seis desafios para criar o filho único


         Já foi derrubado o mito de que filhos únicos são mais egoístas ou têm muita dificuldade de relacionamento. Na verdade, essas características são mais reflexos da criação dos pais e podem ser desenvolvidas até nos pequenos que têm irmãos. O modo de educar e estimular o convívio da criança com o mundo é o que realmente influencia o seu comportamento. 
          Portanto, a responsabilidade dos pais é grande, mas deslizes na hora de educar sempre ocorrem. "Não existem pais perfeitos. Os erros nos ajudam a crescer e mostram aos filhos que errar é humano e que o importante é estar sempre disposto a querer melhorar como pessoa", afirma a psicóloga Mariana Brandi, de São Paulo. Para amortecer esses erros, confira os desafios mais comuns na criação do filho único e a melhor forma de lidar com eles:

1. Extrema proteção: os pais podem achar que a criança precisa ser superprotegida para não se sentir desamparada. Cuidado para não ser sufocante! A criança depende dos pais, mas precisa viver fora de uma bola de cristal. Agradá-la excessivamente e privá-la de qualquer desapontamento é mentir acerca do mundo que vivemos. E pior: dar toda a atenção e cuidado para ela, sem limites, pode deixá-la mais egocêntrica. "Na verdade, toda criança passa por uma fase de egocentrismo, em que acredita que as coisas giram ao seu redor e tudo anda conforme suas vontades. Ela precisa aprender que não é o centro do mundo", explica a psicóloga Mariana Brandi.

2. Dar tudo o que uma criança poderia ganhar: o quarto do pequeno parece mais uma loja de brinquedos. Ganha várias coisas - mesmo que não precise - e tem todos os mimos. "É necessário cuidar para que a criança sem irmãos não consiga tudo o que quer, na hora que quer", lembra a psicóloga Mariana. Quando ela crescer, não terá tudo aos seus pés e precisa já aprender isso - aos poucos - desde a infância. Não se esqueça que a felicidade do seu filho não depende só de brinquedos e de dinheiro, mas da companhia dos pais. Já pensou se não seria mais legal presenteá-lo com uma tarde de lazer em um momento de família, em vez de mais um brinquedo para a prateleira?

3. Deixar fazer tudo o que ele quer: os pais podem até não concordar com algo que o filho quer fazer ou ter, mas quase sempre acabam se rendendo depois que a criança fica aborrecida. Faltam limites, o que aumenta a chance da criança se tornar um adulto de difícil relacionamento. "É papel da família mostrar para o filho que tudo tem limites", adverte a psicóloga Mariana Brandi, que diz que a birra só tende a desaparecer se o pequeno perceber que não faz efeito: "Se os pais atendem os desejos quando a criança chora e dá aqueles 'chiliques' de se jogar no chão, estão reforçando essas atitudes, que irão continuar".

4. Pais estão sempre disponíveis: "Poupar a criança de não ser atendida toda hora que ela quiser não faz sentido, pois ela irá receber muitos 'nãos' em sua vida e, então, não saberá lidar com essa situações", conta a psicóloga Mariana. Portanto, é permitido - e até necessário - ter um tempo para você mesmo, além de se dedicar ao pequeno. "Em nossa sociedade, os pais sofrem um massacre para serem os pais ideais, o que os leva à despersonalização. O ideal é pensar: primeiro você, em tudo! Depois, a criança. Mesmo porque ela depende de você, pai ou mãe", aconselha a psicóloga Síria Mohamed, de São Paulo.

5. Todos os "sonhos" dos pais se depositam no único filho que possuem: "Aspirar um futuro feliz para o filho é normal. Desenhá-lo para a criança percorrê-lo, não", esclarece a psicóloga Síria. Muitas vezes, os pais têm a esperança de que o filho seja algo que eles não foram em algum momento da vida. Cada um, porém, tem personalidade e aspirações diferentes, e seu pequeno tem todo o direito de buscar os próprios sonhos. Procure respeitar isso, sem deixar de oferecer apoio e ajuda.

6. Ele quer um irmão, mas os pais não querem: o conselho número um nesse caso é estimular o convívio social com outros amiguinhos. "O filho único que pede um irmão pode estar se sentindo sozinho", lembra a psicóloga Mariana. O diálogo também é fundamental, e sempre com sinceridade. Não adianta iludir o filho se não faz parte dos planos dos pais ter mais um bebê. "Às vezes não temos o que queremos, outras vezes sim, e isso deve ser ensinado à criança desde cedo", afirma a psicóloga Síria.